A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) trata-se de um grupo de condições, definidas tanto em termos físicos quanto comportamentais e cognitivos, que ocorrem pela exposição ao álcool durante o período embrionário.
A ingestão de álcool no período gestacional pode ocasionar diversos problemas no desenvolvimento embriofetal que são agravados mediante o tempo de exposição ao teratógeno em questão, bem como sua concentração ou quantidade. Alterações físicas e relacionadas ao neurodesenvolvimento, proveniente das exposições ao álcool durante o período embriofetal, foram descritas primeiramente em 1973 e hoje sabe-se que o cérebro é órgão mais vulnerável às exposições pré-natais do álcool.
O critério para diagnóstico é o indivíduo possuir três características descritas como: 1) déficit de crescimento (que pode ocorrer no período pré-natal ou pós natal), 2) malformações faciais (comumente fissuras palpebrais curtas, filtro nasolabial liso e lábio superior fino) e apresentar alguma disfunção no sistema nervoso central.
O fenótipo clinico do SAF apresenta-se bastante heterogêneo devido a uma série de fatores, que podem ser classificados como:
1) Quantidade e periodicidade do consumo de álcool por gestantes, sendo esses fatores apontados como o mais importantes.
2) Momento do desenvolvimento fetal em que o feto é exposto ao teratógeno
3) Interação do ambiente e do genoma que predispõe à mãe e o feto para a absorção do álcool.
Dentre o fenótipo clínico pode-se observar, principalmente, prejuízos relacionados à memória e atenção, raciocínio espaço-visual, dificuldade em processamento numérico e de informações, dificuldades relacionadas à aprendizagem e na linguagem falada, funções motoras prejudicadas e limitações no QI. Recentemente, estudos pontuam que crianças com SAF podem apresentar dificuldades comportamentais e sentimentais que ocasionam diversos outros problemas secundários como experiencias escolares prejudicadas, conflito com normas, confinamento, comportamentos sexuais inadequados e problemas relacionados ao álcool e demais drogas.
Por se tratar de uma doença correlacionada com a ingestão de álcool, a melhor maneira para prevenir seus efeitos é a abstenção total da substância, denominada como prevenção primária universal, ou prevenção primária seletiva, na qual há um acompanhamento da gestante que ocasionalmente ingere bebidas alcóolicas. Uma abordagem secundária consiste em primeiramente observar que o abuso da ingestão de álcool ocorreu durante o começo da gravidez, e o profissional responsável ter uma conversa com a gestante e seus familiares, trazendo informações acuradas, sobre o risco do efeito teratógeno do álcool sobre o desenvolvimento embriofetal; em caso dessa abordagem não ser suficiente para que a gestante opte pelo rompimento da ingestão alcóolica, é necessário com que todas as medidas sejam tomadas para que haja a eliminação do consumo de álcool e garantir o acompanhamento adequado no pós-parto. Em uma intervenção terciária, o médico deve entender a criança portadora da SAF e realizar os tratamentos possíveis para que não venha desenvolver as deficiências secundárias.